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Realização: Amigos do Parque

Refauna leva mais 12 integrantes para a família de jabutis-tinga no Parque Nacional da Tijuca

30 de janeiro de 2021

Iniciativa de pesquisadores fez nova soltura um ano após a liberação dos primeiros 28 jabutis, que marcaram em 2020 o retorno de uma espécie que, até então, estava extinta há mais de 200 anos no Parque

A biodiversidade do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, ganhou um importante reforço hoje: o Refauna, iniciativa que busca restaurar a fauna e as interações ecológicas da Mata Atlântica, realizou a soltura de mais 12 jabutis-tinga no setor Floresta do Parque nesta manhã de sexta-feira (29/01/2021). Há cerca de um ano, os primeiros 28 jabutis eram liberados na Unidade de Conservação (UC). Assim, iniciava-se o retorno de animais que, até janeiro de 2020, estavam localmente extintos do Parque há mais de 200 anos. Este tipo de reinserção na natureza, uma prática que ainda era inédita no país com esta espécie, é uma iniciativa do Refauna em parceria com o Parque Nacional da Tijuca, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), IBAMA-RJ e Instituto Luisa Pinho Sartori.

No total, 28 jabutis-tinga foram soltos na Floresta da Tijuca.
Foto: Marcus Vinicius/Parque Nacional da Tijuca

A reintrodução de hoje fortalece uma população de jabutis-tinga que voltou para seu habitat com a missão de ajudar a restaurar as interações ecológicas perdidas na Mata Atlântica. “Quando esses animais deixaram de existir aqui, foi afetada a dinâmica da floresta. O retorno é uma chance para a recuperação dessa dinâmica perdida como, por exemplo, a dispersão de sementes que eles fazem, o controle de espécies exóticas da vegetação com o pisoteio do solo e até mesmo a maneira como são disponibilizados alguns nutrientes da Mata Atlântica pelas suas fezes”, detalha Marcelo Rheingantz, coordenador técnico do Refauna e biólogo da UFRJ.

Animais receberam última alimentação balanceada antes da retornarem ao seu habitat
Foto: Marcus Vinicius/Parque Nacional da Tijuca

A coordenadora da reintrodução dos jabutis, a bióloga Carolina Starling, explica que o período de aclimatação desses bichos foi de um ano. “São animais que vieram de diferentes fontes como, por exemplo, o Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA no Rio e Centros de Reabilitações de Animais Silvestres em Minas, São Paulo e Mato Grosso. Nesses 12 meses, eles fizeram exames para detectar doenças e tomaram vermífugos. Os padrões e hábitos de alimentação e comportamento no cercado onde viviam também foram acompanhados.”

Espécies vieram de diferentes locais e passaram aclimatação no ecossistema do Parque
Foto: Marcelo Rheingantz/Refauna

Jabutis andarilhos e sobreviventes!

Os 12 animais liberados hoje são sete fêmeas e cinco machos, que receberam radiotransmissores em seus cascos – exatamente como foi feito com os 28 jabutis em 2020. O monitoramento com o auxílio desses rádios se baseia em dados georreferenciados, cuja análise mostrou por onde eles andaram ano passado. “Alguns caminharam 1,6 km mata adentro a partir de onde foram soltos. Uma parte foi em direção ao Pico da Tijuca e alguns outros foram localizados no caminho para a trilha do Pico Bico do Papagaio. Essa movimentação sugere adaptação ao novo ambiente”, analisa o coordenador técnico do Refauna.

Primeiro passeio do jabuti-tinga 17 após ser liberado no Parque Nacional da Tijuca
Vídeo: Marcelo Rheingantz/Refauna

Outro dado relevante é a contagem das espécies vivas atualmente. O levantamento mais recente dos pesquisadores informa que a taxa de sobrevivência está em cerca de 80% do total reintroduzido no ano passado. São números promissores e que podem ser mantidos estáveis com o auxílio dos visitantes, conforme alerta a coordenadora da reintrodução dos Jabutis.

Pesquisadores pesam um dos maiores jabutis que foram soltos nesta sexta: cerca de 28 quilos
Foto: Marcus Vinicius/Parque Nacional da Tijuca

“Orientamos que as pessoas não mexam e nem retirem esses animais caso encontrem com eles no Parque. Não tragam outros jabutis da mesma espécie ou de espécies diferentes para cá e nem tragam cachorros, que podem tentar caçar os jabutis. E nunca alimentem animais silvestres, por mais que pareça solidário.”, pontua Carolina Starling.

Para o futuro, estão em diferentes fases de implementação o reforço populacional do trinca-ferro e avaliação da viabilidade da reintrodução de iguana e da arara-canindé.

História do Refauna


O Parque Nacional da Tijuca, além de ser a casa para onde esses animais são trazidos de volta, é também onde o Refauna foi idealizado. Uma servidora aposentada do ICMBio, chamada Ivandy Castro, notou a ausência de cutias no Parque Nacional da Tijuca,  espécie corriqueira em outras unidades de conservação e que são importantes dispersoras de frutos. Diante disso, em 2008, ela sugeriu a Alexandra dos Santos Pires e Fernando Fernandez a sua reintrodução. Além disso, o Parque, por meio de seus servidores e pesquisadores, ajuda com equipamentos, materiais, auxilia nas atividades de campo e de transporte dos animais, articulado em conjunto com as demais instituições parceiras do Refauna.

Marcelo Rheingantz, coordenador técnico do Refauna, e seu filho Antônio, durante soltura dos animais no Parque Nacional da Tijuca
Foto: Vitor Marigo

Sobre o Refauna:


O REFAUNA é uma iniciativa de pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Conservação de Populações da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LECP-UFRJ), do Laboratório de Ecologia e Conservação de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (LECF-UFRRJ) e do Laboratório de Ecologia e Manejo de Animais Silvestres do Instituto Federal do Rio de Janeiro (LEMAS-IFRJ), que conta com a parceria do Parque Nacional da Tijuca, do Instituto Conhecer para Conservar/RioZoo, FIOCRUZ, INEA e CETAS/IBAMA-RJ. O Refauna tem ainda convênio com grupos de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, UERJ, UFRJ, UFRRJ, Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ/INEA), CRAS-Universidade Estácio de Sá, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros – ICMBio, Zoológico da UFMT e é fomentado pelas instituições Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, CNPq, FAPERJ, Instituto Luisa Pinho Sartori e National Geographic.

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