Realização: Amigos do Parque
9 de março de 2022
Espécie ainda existe no Parque, mas são tão poucos indivíduos que estudos orientaram o reforço de sua população
O Parque Nacional da Tijuca recebeu dois casais de trinca-ferros em suas florestas graças a um projeto inédito de reforço populacional da espécie. Essa iniciativa pretende reforçar o número extremamente reduzido de trinca-ferros que ainda sobrevivem no Parque e se concretizou graças aos recursos financeiros de emendas parlamentares do deputado federal Otávio Leite e à parceria com o Refauna – ONG que busca restaurar a fauna e as interações ecológicas da Mata Atlântica. Também foi fundamental o apoio do Centro de triagem de animais silvestres do Ibama no Rio (Cetas-RJ), do Bioparque, do setor de medicina de animais selvagens da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e do Centro de recuperação de animais selvagens da Estácio de Sá.
Estudos e avaliações de especialistas, desenvolvidos no Parque, apontaram que o número de trinca-ferros era extremamente reduzido nesta Unidade de Conservação (UC) e orientaram o reforço da população desta ave no Parque para evitar a sua extinção local. Paralelo a essa necessidade, o deputado federal Otávio Leite destinou os recursos financeiros de duas emendas parlamentares para o projeto ser executado. Com o desenvolvimento do programa, outros parceiros essenciais se juntaram a essa iniciativa.
“Essa conquista é fruto de um trabalho em conjunto, com apoio financeiro, técnico, acadêmico e vontade de trabalhar pela fauna do Parque Nacional mais visitado do país.” explica Carlos Tavares, chefe do Parque Nacional da Tijuca. Todos os recursos foram investidos na compra de materiais e na infraestrutura adequada para receber esses pássaros, que foram caçados ao longo dos anos por causa de seu belo e forte canto.
Os trinca-ferros saíram do Cetas-RJ, em Seropédica, e foram transferidos para o Bioparque, no Rio, onde ficaram em quarenta. Eles tiveram acompanhamento veterinário, fizeram exames de saúde e de sexagem (para identificar machos e fêmeas) e se recuperaram fisicamente, pois os animais do Cetas vêm de apreensões e chegam debilitados e fracos. Só depois desse período no Bioparque é que a preparação para o Parque Nacional da Tijuca teve início, com o apoio técnico do Refauna. Na natureza, essa espécie vive de 15 a 20 anos e os casais que estão nos viveiros do Parque estão em idade adulta e reprodutiva.
“Eles ficam em seus viveiros, no Parque, por um tempo, para concluir a etapa final de aclimatação. Vão ter alimentação similar àquela que encontrarão na natureza e receberão até treinamento de voo para reaprender a fugir de predadores”, explica Marcelo Rheingantz, coordenador técnico do Refauna. Ainda de acordo com o especialista, faz parte dessa iniciativa o monitoramento por busca ativa desses dois casais após a soltura na floresta. Projetos como este, de reforço populacional, também aprimoram o manejo de soltura para que seja possível implantar essa prática em outras áreas onde a população de algumas espécies é escassa ou está ameaçada.